LIVRO: MISCELÂNEA


O texto é uma miscelânea de pensamentos e reflexões, aventuras, viagens e caminhadas, num momento singular da vida intrafísica, a juventude aos 19/20 anos. 
 
(Ainda em revisão) 

Título: Miscelânea

Para os espíritos livres...



1     - Quem de Nós Irá Primeiro?

Será eu?Será você?
Quem de nós está mais perto?
Quem de nós está mais longe?
Será num dia calmo e comum?
Será no meio de uma tempestade?
Será que eu chorarei antes?
Será que eu te deixarei saudades?
Será que saberei quando chegar a hora?
Será que quando a hora chegar eu não saberei?
Será que você estará por perto?
Será que eu estarei contigo?
Eu sei que é estranho.
Mas eu nunca pensei nisso!
Será que alguém vai chorar?
Será que alguém vai sorrir?
Será que alguém vai pensar?
Será como uma noite sem sonhos?
Uma realidade passageira?
Quem de nós estará leve?
Quem de nós estará pesado?
Será que você estará do meu lado?
Será que terá entendido o que sinto?
Será que eu sentirei o que você sente?
Às vezes penso que esta não é a primeira vez
Será que encontrarei você novamente?
Será apenas até logo?
Ou será para sempre?
Por isso, será que devo lhe dizer o que tenho agora?
Devo viver o que quero viver agora?
Devo esperar por você?
Será que deve esperar por mim?
Temos de duvidar ou acreditar?
Será que desistiremos ou seguiremos?
Estaremos no alto ou por baixo?
Será que lembraremos de todos os caminhos?
Será que estaremos acompanhados ou sozinhos?
Às vezes penso que estamos só de passagem
Podemos imaginar o fim desta viagem?
Será na primavera ou no inverno?
Iremos para o céu ou iremos para o inferno?
Ou será que apenas seguiremos?
Seremos pequenas grandes mentiras?
Ou seremos grandes pequenas verdades?
Às vezes penso que a luz nos guiará
Será que conheceremos a verdade?
Ou será que ela nunca se revelará?
Por isso, nos salvo nesse meu estranho mundo
Como a mais bela das lembranças.
Por quê? Será eu? Será você?
Quem de nós irá primeiro?


2     - Menos pior, melhor...
Corra, ande, rasteje!
Apareça, se esconda, disfarce!
Este mundo é uma ilusão?
E os homens bons? Onde eles estão?
O que você fez hoje? Faz sentido?
Os melhores dias, onde eles estão?
Será que estão perdidos?
Pode ser daqui há sessenta anos!
Pode ser depois do próximo, ‘até logo!’
Que diferença faz?
Se só você viver em paz?
Se for uma alma solidária?
Se você salvar uma baleia?
Se não pisar em formigas?
Se explodir uma bomba?
Se roubar um carro?
Se entrar para o governo?
Se não se meter em brigas?
Será que isso mudará a ‘ordem das coisas?’
Construção, destruição, reconstrução...
Geração, corrupção, purificação... Repetição!
Doe esmolas! Vá à igreja!Relaxe!
Tome um trago pra variar...
Sangue! Desde que o mundo é mundo!
Sangue! Desde que andamos sobre duas pernas!
Hei! Ame alguém!
Mas, não trapaceie!
Faça um filho!
Mas, não o torne igual a você!
Quem sabe um dia, tudo seja melhor!
Quando você tornar alguém, menos pior que você...

3     - Velas

Somos como velas iluminado a escuridão.
Quanto mais iluminamos, mais queimamos
e, por isso, mais perto do fim estamos.
Cedo ou tarde, essa chama se apagará.
É inevitável! Espero que ao findar-se,
ela inspire e seja por algo maior


4 - Amém Não!
Quem inventou o Amém?
Não vim para dizer Amém!
Vim para ir além!Para dizer sim!
Com o NÃO, aprendi o SIM!
Para o NÃO dos Moralistas, o SIM dos Sem-pudores!
Não sou apenas um ‘homem’, sou humano!
Sou falho, fracasso, me esqueço!
Quando me perco, me encontro...
Para os donos da verdade, sou um ladrão!
Insensato! Imoral!
Mas, não uso mais máscaras!
Não tenho mais vidraças!
Compreendo a incompreensão dos que julgam ter me compreendido...
Mestres, doutores, padres, pastores, senhoras e senhores!
Não vim para dizer Amém!Vim para ir além!
Mesmo quando quebram a minha cara, eu caminho sobre as navalhas...
Sou um farrapo!
Sou inconfidente! Sou um peregrino de Conselheiro!
Não vou à igreja,
Não acredito no inferno e tão pouco no céu.
Mas não sou Ateu!
Eu até creio em Papai Noel
Creio na Vida! Na luz que há dentro de vocês!
Digo SIM! SIM para a Terra!
SIM! Para àqueles que ousam pisar além do CERTO E do ERRADO!
E não digo Amém!
Para àqueles que querem me ver calado!
Amém Não! “


5 - Poemas Rabiscados

Agora estamos aqui
Não sei por que, nos deixamos levar
Às vezes me divirto, cortando a grama de casa
Às vezes me encontro, me perdendo no jardim
Em meio aos espinhos
Em meio às flores
Em meio aos insetos
Em meio aos tocos de cigarro
Que você jogou da tua boca
Agora ainda estou aqui
Às vezes me divirto lendo coisas antigas
Às vezes me encontro no espelho de um banheiro público
Em meio ao lixo
Em meio aos odores
Em meio aos fungos
Em meio aos rabiscos nas paredes
Que alguém deixou como um último recado...

6 - Santos Demônios

Por detrás das letras
Estão os demônios
Do primeiro homem
E do Homem que fui há cinco minutos
Elas sempre cantam algo mais
Porque sempre há algo mais
Na mais fria e obscura solidão
Sentei para dialogar com o meu demônio
Não falávamos sobre o mundo, a vida e a morte
Falávamos sobre ele e eu
E de quem era a maior e a menor sorte
Perguntei: _Por que o santo que havia em mim morreu?
E ele respondeu: _É porque não tinhas forças para ser um demônio!
Todos os santos são infâncias de demônios
E os demônios são a velhice de todos os santos
As minhas letras ainda não são demônios
Porém, são cortantes e mortais
São escritas com sangue
Do primeiro homem
E do homem que fui há algumas vidas atrás
Essas letras são tão vermelhas
Quanto o sangue que corre nas veias de todos os homens
Porém, disse ao meu demônio: _Não sou santo, não sou demônio, nem fera!
Sou um pixel interligado a outros da vida moderna...
Antes de partir ele me disse: _ Tu tens muito mais santos do que demônios... e Muitos palhaços, medíocres e ordinários...
Então se foi...
Quem sabe?
Até a próxima noite...


7 - Inevitável

Ainda sou jovem
Ainda sou louco
Ainda sonho
Queria ir até a lua
Mas por enquanto degusto o meu destilado
Sentado na velha cadeira de plástico
Veio o sábado, vieram os outros
Dias que não conheci por inteiro
A mente diz: - é preciso dormir um pouco -.
O espírito diz: - quanto tempo jogado fora -.
Entretemos-nos com algumas coisas
Uma hora aqui, outra hora acolá
Meu pai um dia se foi e ao partir disse: - o mundo é dos fortes, mas nós somos fracos -.
E eu que era fraco fortaleci para enfraquecer
Velho, um dia, com sapatos velhos, quem sabe?
Cada coração é um poço ou mundo?
Na tumba de meu corpo repousa a loucura da minha alma
Minha alma! Até quando?
Até quando nos alegraremos com migalhas?
Da última música que escrevi
Não me lembro das últimas três notas
Elas vivem, são mais vivas do que muitas pessoas,
Pessoas que sequer viveram para morrer
Pois para morrer é preciso que se tenha vivido e talvez até enlouquecido...
A morte precisa de vida
O amor precisa de sexo
O corpo precisa de outro corpo
O espírito vai longe
Nós tememos sair do sério
Até os mais santos tiveram os seus demônios
E até o Diabo teve os seus santos
Tentamos sorrir sinceramente e até sonhamos acordados
Fazemos coisas, depois fazemos “as coisas...”
O tempo passa, e o nada chega
Depois de cheios, o vazio...
Inevitável!
Todos temos que partir
Bem ou Mal
Sozinhos ou acompanhados
Das cadeiras de plástico, com os destilados baratos
Das poltronas confortáveis, com as bebidas e as prostitutas mais caras
Todo amor nasce, todo amor morre
Tudo é feito para a morte
Por isso corremos do medo, com medo, para o medo
É inevitável! Que as folhas caiam!!!


8 - Lucubrações Noturnas

De Sócrates aprendi a não saber;
De Platão aprendi a Utopia;
De Aristóteles aprendi que o que move tudo não é Deus;
De Diógenes Laércio aprendi a cuspir na cara dos reis e a andar descalço;
De Epicuro aprendi a não me perturbar com nada;
De Zenão de Citium aprendi a apatia;
De Pirro aprendi a duvidar para entender melhor;
De Sexto Empírico aprendi a não fazer juízo;
De Plotino aprendi sobre a alma do mundo;
De Sêneca aprendi sobre a Brevidade da Vida;
De Cristo só aprendi o essencial: “Não Agradar à Todos, Graças a Deus!”.
E meu amigo Luiz! Ensinou-me a duvidar de tudo isso!

9 - Memórias:

O pensar é um estado de alma
Desprezo para mim é tristeza, mas uma tristeza de morte, fria, obscura
Desprezo tudo o que por si só tornou-se insignificante
Pior do que achar o mal em nós, antes, é achar que os outros têm muitos males
Se me torno inútil "fazendo nada", o que se torna aquele que, incomodado, me observa?"
Se eu fosse um cavalo ou uma formiga, imaginaria Deus como tal?
Para transcender é preciso buscar um outro tipo de transcendência...
Na minha mais profunda e obscura solidão,
Encontrei uma mais profunda e obscura verdade
Como espírito vejo os espíritos, com o corpo vejo os corpos,
Com a mente vejo as mentes e com a sabedoria vejo a minha ignorância

Há algo que liga tudo a todos, e o tudo de todos ao tudo...

10 – Mundo
Mundo, mundo cão
Mundo desordeiro;
Mundo dos loucos e dos que amam por dinheiro
Mundo trágico, mundo cômico
Corpo frágil, minha mente é sonhadora
Mundo mágico, Mundo animal,
Sou um cão sem dono, minha vida é arruaceira
Amor meu amor, Me dá um gole, da tua ira
Depois a gente se vira
Amor meu amor o mundo se tornou
Um poço, de mentiras radioativas
Mundo, Mundo dos templos,
Mundo obscuro
Mundo das idéias e dos que bebem o dia inteiro...
Mundo lógico, Mundo estranho,
Corpo frágil, minha mente é explosiva
Mundo sádico, mundo irracional
Sou um ponto entre pontos
Minha vida é passageira
Amor meu amor
Tua verdade, se tornou uma mentira
Amor meu amor,
O mundo se tornou
Um poço, de misérias coletivas




11 – Latinos Americanos

Uma hora sou assim
Outra hora sou assado
Num momento sou de ouro
E no outro descartável
Às vezes temos muitos planos
E outras vezes temos só enganos
Por muito tempo fomos animais
Mas agora somos só humanos
Latinos Americanos
Uma hora quero só você
Outra hora quero que você me queira
Num momento quero ser normal
E no outro já não quero mais nada
Às vezes nós sonhamos juntos
E outras vezes acordamos separados
Por muito tempo fomos loucos "soltos"
Mas agora estamos "internados"
E quando eu não sei dizer
Por que eu to aqui?
Eu invento alguma coisa prá me consolar
Eu não sei de onde eu vim!
Por que a terra gira?
Onde raios tudo isso vai parar!
Eu só sei dizer que sou,
Como o Amor
Rotulado






12 - Nas Mansões

Por muito tempo existimos
Mas não estamos sós
Em nós os sonhos nascem e muitos sonhos morrem
Velhos sonhos nas calçadas
E sonhos perdidos em mansões
O tempo que passa, passa pra todos em todo lugar
E a vida quando acaba
Ela acaba em qualquer lugar
Nas mansões
Nas catedrais
Pelas ruas
Cada passo pisado
É uma herança deixada
Para os novos sonhos
Se ocultando nas sombras da noite
Como o vento
Em nós muitos amores nascem
E muitos amores morrem
Novos tempos pisados em velhos planos do presente
O tempo que passa, passa pra todos em todo lugar
E a vida quando acaba
Ela acaba e cabe em qualquer lugar
Nas mansões
Nas catedrais
Pelas ruas
Cada passo pisado
É uma herança deixada
Para os novos sonhos




13 – Dama de Preto

Distração, distração
Para tirar a atenção
Distração agradável, pra suportar o inevitável
Oh! Dedicada Dama de Preto
Que nos vigia desde cedo
O belo vaidoso
O feio orgulhoso
O homem de cor
O desbotado
O corpo sedento
O saciado
O rico frágil
O pobre forte
Ninguém escapa de tua sorte
Nem mesmo, na distração...

14 - O Tempo Acabou

Por muito tempo esperei por você
Sempre em meus sonhos aparece como uma luz
Talvez não estejamos mais aqui
Talvez não estejamos em nenhum lugar
Sonhos desconexos
Madrugadas sem fim
Em teus olhos está a renascença
Talvez não sejamos mais humanos como antes
Talvez eu não precise mais de você
O tempo acabou
O mensageiro chegou
Agora podemos ir
Correndo entre os fantasmas
Correndo entre as sombras
Nosso tempo acabou...

15 - Isso e Aquilo

Reverencio Isso que temos
Respeito Aquilo que queremos
Com a mais sincera e honesta Gratidão...
Uma, que não se pode exprimir com essas
frágeis e deléveis palavras humanas...
Dobro-me e saúdo Isso que temos
Como um súdito que se curva a seu Rei
Admiro Aquilo que queremos,
como um Bobo que sorri despreocupado...

16 – A alma da música

Um pensamento tem vida,
Uma canção tem alma.
Quando um pensamento se torna uma canção,
A alma vive.

17 - Enigma

Havia uma menininha que gostava de contos de fadas,
Todas as noites ela ouvia a história de uma outra menininha chamada Alice
Em sua mente, ecoavam vozes que ela, inocente, desconhecia...
Aquelas vozes ocultas sussurravam coisas loucas e ao mesmo tempo sinistras.
Ela sentia medo, um medo de gelar a espinha.
Mas, em sua inocência e pureza de espírito, certo dia,
Ela resolveu cortar seus dedos e pulsos com giletes
e caminhar sobre cacos de vidro...
A dor que sentia era imensa
Mesmo assim, ela seguiu andando e sangrando...
Quanto mais ela andava, mais ela morria...
E quanto mais ela morria
Mais perto da imortalidade ela estava...

18 - Música

Quando era pequeno quis ter um violão!
Agora que tenho, não quero passar meus dias em vão.
Amor, casa e cachorro.
Coisas simples, coisas belas!
Penso que há muito mais do que há...
Quando falo pela música falo por mim...
Sim! Poesia, filosofia, dia-a-dia
Pensamentos vivos, como filhas, como filhos...
Como irmãos...

19 - Calem a Boca!

Quando você veio a este mundo
Você levou uma pancada e chorou
Então todos sorriram, todos se encantaram!
Você era a “coisa” com a qual se divertiam
Você era útil e importante...
Mas, com o tempo, o choro que era contentamento, perdeu a graça...
Talvez, não lembre, era um bebê fantástico!
A promessa de felicidade, quem os tiraria da lama do mundo!
Então, você cresceu e correu pelo lamaçal
E disse consigo: “O mundo é um poço e eu me banhei nele...!”
Ora, ora, a quem você tentou enganar agora?
Talvez, esse cara das ruas saiba como se sente!
É! Eu acho que sei! Todos somos promessas de algo!
Não é o amor que nos trouxe aqui, sério!
É a necessidade mais egoísta que se possa imaginar!
Somos feitos para carregar os outros!
Não nos fazem por mal, mas, para carregarmos os instrumentos
Daqueles que a nobreza de nascença os fará brilhar!
Eu acho que sei como você se sente!
Estou há muito tempo nessa estrada filho!
Não sei se podemos mudar o rumo das coisas...
Mas, diabos! Podemos gritar mais alto do que eles!
Então filho, esteja pronto para enfrentá-los!
Eles tentarão nos aniquilar!
“Olho por olho, dente por dente”,
Forte, Bom, Justo é o Sobrevivente!
Essa é a Lei!
Veja! Estão vindo!
Com os seus impérios capitais
Estão apelando, trazendo a fama e suas prostitutas caras
Olhe! Trazem consigo até os santos e sábios que nós veneramos
Esse é o fim da linha cara!
Só há uma coisa a se fazer, juntos!
É tudo ou nada!
Quando eles começarem a despejar todo o lixo moral de mais de dois mil anos
Reuniremos todas as nossas forças e gritaremos o mais alto possível
Até nossa boca ficar seca...
Calem a booooooooooooca!

20 - Midas

Abra seu espírito e se aproxime...
Toque com suas mãos o interior deste boneco de barro
Transforme-o em o Ouro!
Pegue-o e o torne alguém!
Mas, não toque em seu cérebro...
Ele não foi feito para ter idéias brilhantes!
Esqueça! Não toque no seu coração
Ele foi feito parar morrer...
Novo, velho, por cima ou por baixo!
Tanto faz!
Mas, venha!
Abra seu espírito e se aproxime...
Cuidado com a lama!
É difícil de tirá-la!
Toque-o e o faça alguém!
Transforme-o em algo valioso!
Só não toque no cérebro
E esqueça o coração...
Que continuem sendo o que são:
O Ouro Puro do boneco de barro!

21 - Faz de Contas

Uma vida Normal...
Normal até demais.
Nada de menos... Nada de mais...
Dias longos, noites curtas...
Pequenas mentiras: grandes verdades!
Pequeno Grande Faz de Contas...
Uma Vida radical
Radical até demais!
Mais ou menos...
Dias curtos, noites longas
Façamos as apostas!
Aceitemos as propostas!
Esperemos as respostas!
Ouçamos ‘O Chamado’!
Andemos na luz!
Corramos nas sombras!
Tornemo-nos deuses!
Pelejemos com treze diabos!
Acabemos mortais...
Que nossos cadáveres sejam Imortalizados!
Tanto faz!
Pois, do que se trata?
Um Pequeno Grande Faz de Contas!


22 - Ec-xistência?!?!

Há momentos da existência
Que parecem ser para sempre, mesmo!
Fazemos coisas...
Contemplamos coisas...
Quanto mais a vida passa
Como os ponteiros do relógio
Maior nossa Vontade de Imortalidade!
Mas, qual é o nosso último obstáculo a ser derrubado?
Nós mesmos e nosso medo de sermos Imortais?

23 – Relutantes

Na escuridão de nossos abismos
Insólitos contemplamos
A nossa vontade esmagadora
E a nossa vaidade destruidora
Até quando seremos relutantes para com o Inevitável?



24 - Tudo para tudo

Nada para nada
Nada para tudo
Tudo para nada
Até o fim?
Para além dele?
Até o último sopro de um...
Pequeno Grande Boneco de Barro...
Reticente...

25 - Pegue seu martelo

Quebre as vidraças
Use seu martelo
Faça a demolição de todas as estátuas!
De heróis do passado
De senhores, de escravos
Do que é santo, do que é pecado
Me beije!
Me beije, com todo seu calor e com todo seu gelo!
Me beije, com todo seu amor, e com toda sua fúria!
Não queira agora me ajudar em nada!
Use seu lança-chamas...
E queime todas as nossas máscaras!
De amantes e amados
De salvadores humanitários
De deuses e diabos




26 - Peças Cotidianas

Numa folha amassada
Rabisco coisas sérias e engraçadas
Pelo menos deveriam ser!
Política, Cultura, Religião!
O meu time não perde hoje!
Será que choverá no sábado no meio do churrasco?
Tenho a impressão de que vi um vulto!
Acho que exagero no café.
Às vezes... Só às vezes!
Sempre... É uma palavra complicada...
Não sei! Mas, acho que hoje dormirei + cedo!
Às seis da manhã...
Só hoje!

27 – Isso

Isso poderia ser um paraíso
Se não tornássemos tudo um inferno!
Isso poderia ser melhor
Se fossemos menos piores!
‘Isso’ poderia ser ‘Aquilo’
Se não fosse apenas ‘Isso’

28 - Prostitutas e Meretrizes

Um certo Filósofo disse: “Meus pensamentos são minhas Meretrizes!”
Pois bem, meus pensamentos são:
Minhas Meretrizes
Minhas Prostitutas
Minhas Putas!
Felicidades Passageiras...
Pois não?

29 – O rio continua lindo

O Rio é de Janeiro
Mas o ano inteiro é de sangue!
Dos ‘sem-camisa’ e dos ‘com-camisa’
E continuará sendo de sangue!
Até que ‘os de Mustang’ morram pelas mãos dos ‘sem-Mustang’
Ai, quem sabe?
O Rio será de Janeiro, ano inteiro!
Sem gangue e sem sangue!
Dos de camisa, dos sem-camisa e dos de Mustang?!


30 - Noctívago

De dia tenho amores
De noite tenho amantes
De dia tomo café, de madrugada não!
De dia eu corro, de noite vagueio...
Cidade pequena, amigos poucos, bares muitos...
Mulheres belas, ‘mãos-de-obras’ baratas!
Um copo de whisky, amizade conquistada...
A vida passa mesmo! Nem vemos!
Então, tomamos uns aos outros...
Nos divertimos!
Divago, deito, rolo, me espalho...
Na noite
Na madrugada
O Rei é seu próprio palhaço!

31 - Amores da Vida
Sempre fui e serei amante de todas as noites
Dos grandes clássicos
Amante de todos os amores
E todos eles, saberão que foram... Para sempre...
Amores da minha vida
Amores de todos os amores

32 – Os loucos não precisam de nomes

Vozes, por todos os lados
Sons estranhos, movimentos ordinários
Longe, perto, filosofia de bar
Há louco para tudo no mundo...
Há mundo o bastante para todos os loucos, não é?


33 – Idealismos Inúteis

... Do amazonas aos pampas,
o povo é a latrina,
onde senhores coronéis, doutores, padres e pastores
dejetam em cima;
E a elite? O que é a elite?
Idólatras do deus da pecúnia,
Neoliberais, neo-escravistas,
Cotos-espúrios europeus;
Rebentos de vida insossa;
E nós? Que somos nós?
Ébrios de idealismos e teorias inúteis...
Como 'a vitória dos oprimidos' e a 'libertação de todos, até dos opressores'...



34 - Acasos?

Somos tão estranhos
Somos diferentes
Às vezes nos entendemos
E até nos esquecemos
Falaram que era para amar
Mas não falaram da dor
Disseram que era para continuar seja como for...
Ainda mostraram, que era para não se arrepender...
E que tudo o que é para ser
Ainda não aconteceu
Mas esconderam a verdade
Em suas faces falsas
E ocultaram a alegria que tinham
Em seus olhares tristes
Começaram a morrer em pensamento
Perdíamos tempo, controlando o tempo
Escrevíamos sobre coisas de amor
Falávamos de amor
E terminamos por amor
Contamos com um herói
Mas não apareceu
Fizemos história
Contamos para alguém
Passaram-se os bilhões de anos
Lembremos de quase tudo
Sobrevivemos à nossa vida
Fizemos quase tudo
Mas mentimos quantas vezes
Todos, e a todos nos enganamos...
Choramos muitas vezes
Sozinhos e abraçados
Fizemos poesias
Com coisas do passado
Fizemos tudo por amor
Acabamos por acaso


35 - Inconseqüente

Inconseqüentes
Gente que faz mais gente
Gente que é gente
E gente que parece não ser gente
Inconseqüentemente
Fazendo mais gente...

36 - Vazio

Vazio
Vazio que se agarra na alma
Vazio que invade a calma
Vazio que se esconde atrás da risada
Vazio
Vazio que se disfarça de tudo
Vazio que preenche o mundo
Vazio que esconde o vazio

37 - Morra!

Os grandes ídolos se foram
Morreram afogados em seus medos
Desista disso e fique longe por uns tempos
Fique longe por uma pequena eternidade
Morra ou morrerá
Viva ou viverá
O hipócrita é filosoficamente leso e idiota
Quando Fidel morrer, cuba morrerá
E renascerá
Para viver, para sobreviver e morrer outra vez
Talvez não possa te dar alegrias
Mas também não serei o motivo de tuas tristezas

38 - Com S

Sangue suga
Suga o sangue de Sassá
Sassá sortudo sonha no sofá
Síssa sussurra e Sassá suspira
Sexo, sentimentalismo e sorte
Seis do seis de sessenta e seis
Sinfonia em sintonia
Sassá solitário “seca” Simone
Síssa surra Sassá
Síssa, Sassá e Simone
Súcia de Sangue Sugas

39 - Mesmo Diferente

Do mesmo lado, lados diferentes
Da mesma cor, cores diferentes
Do mesmo jeito, jeitos diferentes
Da mesma coisa, coisas diferentes

40 - Por Causa de Mim

Hoje perdi o sono por causa de mim
Vi que estava meio triste, deprimido...
Então me levei para passear, tomar algo...
Junto de mim, cruzei as ruas da cidade até o bar
Quando chegamos, notei que as pessoas nos olhavam
Não entendiam como eu poderia estar comigo!
Talvez nem eu pudesse compreender aquilo...
Há lugares que você deseja, mas, talvez é melhor não estar
Vimos as mesmas coisas, as mesmas faces
Todos estavam acompanhados de outros
Mas eu, eu estava comigo mesmo...
Vi que eu estava farto daquilo tudo...
Então voltei comigo para casa e lá ficamos
Escutei o que eu contava... Estórias de histórias...
Chegamos tão longe que não podíamos parar
Vi que eu queria começar tudo outra vez, do zero...
Mas, tudo o que éramos se reduziu no Agora...
...Quando o sol começou a nascer
Tive a certeza de que sempre estarei comigo...
Então o Passado, o Presente e o Futuro se deram as mãos
E o AGORA resolveu ficar, um pouco mais eternamente...


41 - Crônica-poética
Há cinco Séculos inesquecíveis
Vieram servos de um deus que não conhecíamos
Levaram nosso ouro, provaram nossas mulheres...
Mas trouxeram “a cultura” e deixaram suas vestes
Portugal! Portugal!
Nada mal! Nada mal!
Trocaram o pau-brasil
Por restos de bacalhau
Tordesilhas dividiu o “mingau”
Com os Espanhóis que com as espadas
Cortaram bem mais que o mato
De fato! Nem os Incas deixaram rastro...
E a América-latina foi o próprio pato
Napoleão os baniu da Europa
Em várias naus, o oceano atravessaram
E serem os donos do Brasil
Da maneira mais vil Seria o próximo ato...
Em nome de Deus e de Cristo
Mentiram, Mataram e Exploraram...
Muito mais
Do que em nome do Diabo...
Brasil, espoliado de maneiras mil!
Uma Maria, Um João, dois Pedros e uma Carlota
Brasil, dos militares ao Civil!
Flores de Deodoro para Floriano
De Floriano para Prudente
De Prudente para frente...
Canudos, Contestado, Lampião e o Cangaço... Lembravam:
Tiradentes, Caneca, Farroupilhas...
Gritos que do passado ecoavam
Voltas e idas de uma morte em Vida Severina
Dos Pampas ao Amazonas
O povo é a Latrina, onde
Senhores coronéis, doutores, padres e pastores
Dejetam em cima
E a Elite? O que é a Elite?
O rebento de vida insossa
De um coto espúrio europeu...
Neo-liberais, neo-escravistas
Idólatras do deus da pecúnia
E nós? Quem somos nós?
Os Insurgidos! Combatentes, Sonhadores...
Da Vitória dos Oprimidos,
Da Libertação de todos
Até dos Opressores...

42 - Sobre o Amor

O que é  o amor?
Uma doce mentira?
Um solitário segredo?
Um sentimento sagrado?
Um insano e mórbido desejo?
O tudo ou o nada?
O começo ou o fim?
O que é o amor?
Saber ser e não ser?
Ou saber deixar de ser?
É estar longe, mas perto?
Ou abraçados, mas em outros abraços?
É saber dizer sim?
Ou não saber dizer não?
É o que amadurece a cabeça?
Ou o que infantiliza o coração?
O que é o amor?
É abrir mão? A mente? Ou a alma?
É escolher a renúncia?
Ou renunciar a uma escolha?
É aquilo que sempre existiu?
Ou o que ainda existirá?
É o que vive?
O que morre?
Ou o que nos assombra?
É uma libertação?
Uma prisão?
Ou um manicômio?

43 - Libertar-se ou Acordar-se?

Já não espero nada
Não acredito em nada
Olho para a história da humanidade, seco
E o que vejo são só entulhos
Ouso olhar para o futuro
Mas está escuro
O presente está se desintegrando, em promessas vazias
Mas eu também sei mentir e escrevo coisas que parecem poesias
Tenho uma velha estante com alguns livros como calmantes
Há um espelho para me lembrar do nada que sempre se renova
Talvez devesse sair e tomar um porre
Ou fazer um curso para salvar vidas
Vidas que talvez signifiquem o nada que nunca vi
Realmente, não espero mais nada
Não acredito em nada
Procurei algo nas ditas “coisas maiores”, não encontrei
Após acreditar pela milésima vez que tudo será melhor
Parei, escutei em silêncio...
Mas as coisas que estavam aqui dentro, sumiram
Passaram pelo meu estômago e viraram excremento
Não existe mais conflito, não resisto
O turbilhão vem e vai
Que se dane os sentimentos... Dane-se a razão
O grande “tudo” se tornou um buraco
É estranho, mas estou deixando de sentir tudo o que sentia
Será que estou me libertando?
Ou estou apenas acordando? Ou enlouquecendo?
A janela está aberta
Mas a casa está vazia

44 – Preferir a Dor

Poderia amar e odiar
Mas prefere sofrer e chorar
Poderia sorrir, beber e esquecer
Mas prefere voltar ao passado e lamentar a miséria do amor malvado
Poderia ser diferente
Mas prefere ser comum
Como os muitos que poderiam amar e odiar
Mas que preferem sofrer e chorar



45 - O Diabo da Vida

O Diabo da vida
É que às vezes levamos uma vida do Diabo
Mentiras que chamamos verdades
Verdades que tornamos mentiras
Vem os dias, passam-se os anos
Nos despimos como santos
Nos vestimos com vergonha
Máscaras, trapaças, artes e manhas
Pra disfarçar o que somos
Quem quer mudar o mundo?
Quem pode deter a si mesmo?
O Diabo da vida
É que é mais fácil encontrar a própria tragédia
Do que fazer a felicidade dos outros

46 - Os Buracos da Parede

Os buracos da parede do meu quarto
Os meus poemas rabiscados
As coisas que tenho
Os amores amantes que tive
E os lugares onde eu estive
Não são o que eu sou
E nunca serão o que eu serei

47 - Felizes

Feliz, todos querem ser
E são, tudo o que não são
Fingir, todos podemos fazer
Afinal, os fins justificam os meios
Põe o disfarce de manhã
Se entrega de corpo são e mente sã
Sonhos, amores, troca-os por temores
Nuances difíceis por nuances mais fáceis...
Por distração, por distração...



48 - Eu e a Vida

Sou um imitador da vida
Uma hora estou bem, outra estou mal...
Uma hora estou frio, outra apaixonado...
Num momento estou preocupado, noutro indiferente...
Sou como a vida
Terrivelmente séria
Seriamente engraçada
Agradavelmente insuportável
Loucamente imprevisível
Sou como a vida...
Um milésimo de distração,
num segundo de ironia,
dum minuto da existência...

49 - Sobre a passividade de certos filósofos e poetas

Que o Otimismo Determinista de Leibniz queime!
Que o milagreiro Pascal evapore em suas confusões metafísicas!
Que o Pessimismo de Shopenhauer se anime
Que o Dever Kantiano relaxe!
Que o Lirismo poético de Nietzsche sorria sem disfarces...
Que o Sarcasmo de Voltaire ressuscite!
Que o nu e cru de Nelson Rodrigues se Repita
Eternamente!

50 - Ligação Espiritual

Alguém disse: Elas morreram, nem viram de onde a morte veio!
Como uma chuva passageira...
E uma antiga tristeza se renovou
Pela casa, o silêncio sublimou
Todos se calaram enquanto alguém chorava
Uma tinha vinte e quatro, a outra apenas vinte
E com todos os anos
Ainda veremos se repetir
Uma antiga nova tristeza se renovando
Hora após hora
Como milhares de agulhas nos espetando
Até que possamos compreender
Aquilo que ainda não compreendemos...
Uma antiga tristeza se renovando...

51 - Homem

A pergunta mais antiga: QUEM É O HOMEM?
Um cão tem pêlos e precisa de um osso
Um porco tem pêlos e precisa de lavagem
Um homem tem pêlos, tem sonhos, mas precisa de coragem
Para viver...
Para sobreviver...
Para SER...

52 - Dentro de mim

deus e o diabo se encontraram
dentro de mim
milênios de estórias contaram
dentro de mim
deus e o diabo xadrez jogaram
dentro de minha mente
na melhor de dois mil anos, empataram
dentro de mim
deus e o diabo como pai e filho que há tempos não se viam
Se abraçaram
luz e trevas se dissiparam
dentro de mim
dentro de mim

53 - Menina do Arranha Céu

Ela mora num arranha céu
Esta longe do inferno, está perto do céu
Ela mora longe das ruas
Está longe da vida nua, está perto da vida crua
Ela anda de carro importado e aviões a jato
Um dia de sua vida, custa trinta anos da nossa
Mas, quando ela fechar os olhos para morrer
Parecerá nossa irmã, mesmo sem nos conhecer...



54 - Filhos do Medo, Filhos da Noite

Perdoa nossos pecados
Assim como que já estamos perdidos
Mas nos livre do mal
Mesmo estando num inferno
Não nos deixa cair em tentação
Como que já dormimos na taberna
Filhos da noite, vem ao dia cantar
Hinos de terror e de maldições
Fazer da terra um tremendo lar de macacos decaídos
Você pode perder o medo da noite
Se você não temer o mal
Ou se deixar o mal tomar conta do teu coração
Como no inicio, um irmão mata o outro
Ri da morte, mas teme a ira
Daquele que está a jogar Xadrez com seus anjos
Viver na escuridão não é uma opção
É deixar-se levar pelo silêncio
Enquanto sua mente dorme, o mal entra e fica
Até você acordar
A sua vida, um filme depressivo...
Quando o teu corpo cansa, tua mente se perde...
E o mal fala ao seu ouvido
Um anjo decaído vem te segurar na palma da mão, sorrindo...
A tua fraqueza não é uma tragédia
É o que já está escrito desde o início
Dos tempos enquanto Deus andava por aqui...
Lendo o livro perdido,
foi lá que eu aprendi...



55 - Cegos

Os sentimentos foram trocados
Mas não importa
Os cegos de nascença nunca puderam ver...

56 - Oração Perdida

Atravessou a rua
Uma parede
Um abrigo
Uma chuva cai de lado
Molhado está o asfalto
Uns caras passam
O silêncio e a memória se abraçam
Lá atrás
Perdida no tempo
Uma linda criança, promessa de um céu
Junta as suas pequenas mãos e ora
Uma oração bonita: não se lembra como começa
Mas sabe como termina: “Eu acredito em você”
Quando se volta daquele tempo até a parede onde está
Em silêncio olha a chuva no asfalto
Os carros e as pessoas passam
Os prédios cada vez mais altos
Indiferentes, ausentes...
O silêncio, a loucura e a solidão, abraçam...
Como numa oração
Lá atrás perdida no tempo:
Não se lembra como começa, mas sabe bem como termina...




57 - Na Hora do Impacto

Olhando para o espelho
Olhando para o ontem
Olhando para dentro
Claramente, escuro...
Há coisas que ficam de pé
Há coisas que ficam
Pés nas ruas
Sempre, no alto, na noite
Céu, estrelas
O infinito num rosto...1,2,3
Razão satisfatória
Abrir o espírito
Para frente...
Sim! Frente!
Por que pra quê?
Viva a vida!
Viva a noite!
Viva... Viva...
Isso...
Que é isso?
Por quê isso?
Pra quê isso?
Isso, que pode ser sentido...
Apenas por aqueles que sentem “Isso”
Sangue...
Cacos de vidro
Isso!
É como andar sobre cacos de vidro
Olhando para o espelho
Olhando para dentro
Olhando para “Isso”


58 - Homem do Saco

Um homem carrega um saco
Nas costas, como um Atlas
Um fardo e um passado
Sonhos de liberdade
Vivendo como ratos enclausurados
Uma migalha, um dia a mais
Um sorriso motivador, um peso à mais
De nós esperavam tanto
Mas um tanto de nós não esperava por isso
Há vontade de correr e ir para longe
Quanto mais longe, mais perto
Aquilo que nos persegue sempre
Devemos deixar os outros e nós?
Para contar nossas histórias
Para sonhar com a liberdade
Como ratos enclausurados

59 - 1,2,3

Do alto do céu
Sobre as nossas cabeças
Despenca a noite voraz
Sento-me no canto de um prédio
Envolto em silêncio
Olho firme e calmo
Regurgito pensamentos
1,2,3...
Nosso ônibus está vindo...
Sei que o olho que tudo vê
Sonda meu destino, vela meus passos
Certos ou errados
Caminhos belos e pesados
Dias em que sou de Ouro, dias em que sou descartável
Há coisas que demoram-se
Mas essa coisa que sinto logo passará
Sei que vocês estão comigo
Mandando boas Energias de algum lugar
Sei que vocês estão...
Nesse milésimo de Distração
Nesse segundo de Ironia
Nesse minuto da Existência...

60 - Nova Velha Vida

Nada será

Como nunca foi antes

O que era nunca deixará de ser

As pessoas são previsíveis mesmo...

Fingindo ser o que elas nunca terão...

Numa velha porta onde passam três

Ainda passa só um

As coisas nos seduzem

E gozam em nossas almas

Fingindo ser felizes

Fazendo o que não gostam fazer

Como suicidas psicopatas

Muitas coisas nunca darão certo

Como nunca deram antes

Faz tempo, está nublado

Não sou como vocês

Mas posso disfarçar

Hoje ainda quero

O que antes de ontem eu queria

Viver a minha

E não a tua

Nova velha vida



61 - Ser Feliz Com Migalhas

É hora de fazer algo!

Tomar uma atitude

Deixar para trás

A vida de “morto-vivo”

É melhor começar a banir

Esses conceitos loucos que fizeram tua cabeça mudar

Quem você pensa que é?

Corra e pegue as migalhas da mesa!

Ande! As agarre com as duas mãos!

Abra seu espírito e suma!

Liberte seu espírito e desapareça daqui!

Tente andar pela calçada, na mão...

Você quer uma coisa...

Mas sabe que podia ser melhor...

Isso porque você é um grande e tolo espírito livre

Você acaba as noites sozinho

Sempre no seu lugar, onde não quer mais ficar...

Você precisa colocar para fora

Sozinho não irá conseguir

Você quer estar a milhares de anos luz daqui

Mas o que te impede?

Todas as coisas já se foram

E você ainda fica...

Desde pequeno a sorte não esteve do seu lado...

Mesmo assim não se espanta

Agora, a hora se aproxima...

Esta pode ser sua última caminhada

Os que te amam dizem:_Você sonha demais!

Sem ambição, não irá a lugar algum...

Nós dois sabemos que você não sabe quem você é...

Por que não pode ser feliz...

Aceitando as migalhas que caem da mesa?

Então, abra seu espírito e suma!

Liberte-se e desapareça daqui!


62 - Decentemente Indeciso

É decente o que não é indecente!
É indecente o que não é decente!
O decente pergunta ao Indecente: o que não é Indecente?
E ele: Acho que estou indeciso!

63 - Tradição

A tradição é bela! Uns dizem.
A tradição é importante! Outros falam...
A tradição é romântica! Alguns acham...
A tradição é hipócrita! Eu penso.

64 – Inquisidores e Inquiridores

Há mais Inquisidores do que Inquiridores!
É sempre mais fácil o que não é difícil:
É mais fácil matar um Inquiridor
Do que admitir a falta de fundamento da existência de um Inquisidor!

65 – Legendários

Dias na escuridão
Noites sob a luz do sol
Dias diferentes
Noites bem estranhas
Não é o bastante estar sozinho
Mesmo estando nessa multidão
Solitários sob a luz do sol
Legendários da escuridão
Palavras sem nenhum sentido
Mexem muito com o coração
Noites que passaram
Noites que virão
Noites de saudades
Noites de união

66 - Blá Blá Blá

Um certo Blá Blá Blá
Ofusca o nosso Lá Lá Lá
E quando estamos juntos
Escuto o som de um certo Rá Rá Rá
Todo mundo tem esquema
Os beatos fogem da novena
Às vezes saímos de cena
Mas como mulas “nóis” sempre teima!
Quem não gosta de belas pernas morenas?
Cachorro quente só é bom se for quente
O que nos mata, sempre nos mata de repente
Com calças, sem calças, de calças curtas...
Até quando esperaremos a mudança de lua?
É bom enquanto é novo
Depois acaba dando nojo
Indigesto, direto, imoral
Falar a verdade sempre parece banal
Nem tudo é simples
Nem tudo é belo
Nem tudo é normal
O tudo que conhecemos não é bem o tudo
Há algo mais, mas não posso ver...
Um palmo adiante do além...
Blá Blá Blá...

67 – Até a vista

Quem deu ao louco, sanidade?
Quem deu ao mentiroso, Verdade?
Sorriso, sonhos, rebanhos!
Simples, complicado demais?
Complexo, não queremos mais?
Adeus, até logo, até a vista!

68 - Um Sopro

Um sopro
E tudo se torna vivo
Um suspiro e a vida se anima
Um susto
E o ânimo vacila
Um sopro e a vela se apaga
Uma sorte
E a vida se repara
Até o próximo susto
Até o próximo sopro
Até que a outra vela se apague...

69 - Depois

Deitada no chão
Lábios vermelhos
Ela segura uma rosa morta pelo inverno
Os olhos que passam observam as curvas
Daquele que era seu corpo
Sempre soube se desviar dos problemas
Uma horinha aqui, outra horinha lá
Tudo ficava bem, depois que eles iam embora
Mas dessa vez ela não pode se desviar
Outra dama mais astuta que ela apareceu
Com seu véu preto, com seus milênios
Juntas olham para o corpo de curvas quase perfeitas
Antes de passar pela cidade das trevas
Tudo ficará bem, depois que tudo acabar...

70 - Senhor Oculto

O pecado predileto do Senhor Oculto
Não sei o que mais odeio em mim
São meus pés ou meus ouvidos?
Trevas! Trevas! Trevas!
Por isso não nos vemos no espelho, como somos...
Enquanto caminha sente o mundo
Mas parece tão sem vida...
Trevas! Trevas! Trevas!
O dia mais infeliz: quando nasceu Adão!
Trevas, trevas, trevas
O dia em que O Senhor Oculto jurou não matar
Trevas! Trevas! Trevas!
O dia em que o sangue escorreu pela cruz!
Trevas! Trevas! Trevas!
Triste dia em que se fundou um templo
Trevas! Trevas! Trevas!
A paz se conquista pela espada!
O amor se conquista pela força!


71 – Quem?

Quem foi você?
Quem foi eu?
Quem fomos nós?
O que você fez?
O que eu fiz?
O que nós fizemos?
O que você deixou?
O que eu deixei?
O que nós deixamos?
Você? Eu? Nós?

72 - Amigos

Um homem tinha o bastante
Mas queria mais
Outro tinha de tudo
Mas não era o bastante
Um dia os dois se encontraram na encruzilhada do “querer”
O que tinha o bastante viu que podia ter tudo
E o que tinha tudo viu que podia ter tudo além do tudo de todos
E os dois homens acabaram se matando
Na encruzilhada do “Querer”
Só que antes se tornaram amigos...

73 - Para os Desconhecidos

A única religião que temos chama-se: dúvida.
O nosso templo chamamos: vida.
A nossa fé é a razão.
Através delas, caminhamos por caminhos tortuosos
e as nossas subidas são as mais difíceis,
durante a Busca das Buscas,
daquilo a que tentamos nos aproximar,
coisa essa que chamamos: O Desconhecido dos desconhecidos...

74 - Humildade

Protejamos os animais!
E sejamos indulgentes!
Com os que teimam em agir como eles!




75 - Reclamação

Ela viveu reclamando
Reclamou por nascer
Reclamou por viver
Reclamou por morrer
Mas nunca se perguntou: porque reclamo tanto?

76 - Copo de Uísque

A vida
Se consome
Todos os dias
Como um Uísque
Num copo
Bebemos
Lentamente
Com medo, com receio...
Bebemos...
Disfarçados
Todos os dias...
A vida
Como um Uísque
Num copo...

77 - Dramas Diocesanos

Cinco para zero hora
Corredor escuro
Corpos quase flutuantes
Cabeças delirantes
Silêncio de chumbo
A Irmã encontra o Padre:
- Boa noite irmã?
- Boa noite Irmão!
- Quanto tempo?
- Muito para ser pouco!
- A barba está maior!
- É! E a saia está mais curta!

78 - Luz

Eu vi a luz
Ah! Vi sim!
Eu vi a luz e ela entrou em mim
Sim!
A luz entrou e se perdeu
Então mergulhei para dentro
Nadei por muitos abismos
Perguntei-me:  O que aconteceu com aquela luz?
Passando pelo estomago eu a vi!
Sim! A luz!
Ela estava lá
Conversando com as lombrigas
Fiquei intrigado!
Será que essa luz era tão séria?
Ao ponto de querer transformar tudo?
A começar pelas lombrigas?
A começar pelos vermes que residem em mim?!
Foi ai que eu entendi:
Antes de querermos iluminar os vermes do mundo
Temos de iluminar os nossos próprios vermes...
Aqueles que estão bem lá no fundo...
Com a luz! Claro!




79 - Para Todos os Que Ainda Valem a Pena...

Devo tanto
Tanto...
Que infelizmente
Nunca poderei pagar...
Nem com coisas, com riquezas, nem com nada...
Pois ainda que tivesse tudo, nem esse tudo seria o suficiente
Então...
Só um singelo muito obrigado...
Umas lágrimas inevitáveis...
Num lugar solitário...
Em minha mente
Terá que bastar...


80 - Futuro

Hoje nossos filhos são de carne e osso.
No futuro, serão de polímeros e softwares.
E seus choros serão de faz de conta
Mais do que são hoje em dia...

81 - Na Democracia Elitizada

Na Democracia Elitizada
Os homens não têm honra para matar
Nessa Democracia
A morte é lenta e a justiça é mero disfarce
Em tal Democracia
O problema de todos é apenas dos “outros”
Na Democracia da Elite
Não há respeito no nascer, dignidade no viver e honra no morrer...

82 - Dor
O amor dói
Em todas as classes
E em todas as idades

83 - Mergulho

Você já mergulhou?
Onde mergulhou?
Num mar? Oceano? Rio? Lagoa? Ou numa poça d´agua?
Já voou?
Já escalou montanhas?
Já andou em linha reta?
Até onde foi?
Pense e imagine que a verdade suprema
ou um novo mundo poderia estar num desses lugares...
Então, até onde mergulhamos?
Até onde caminhamos?

84 – Formiga
Não jurei amor a ela
Mas jurei não matá-la
Ela sempre esteve muito ocupada
Eu sempre dispensei atenção a ela
Impressionava-me com suas aparições
De noite, de dia, de madrugada
No banheiro, na cozinha, na sala
Quando chovia eu a via entre as amigas
Um sorriso me tomava
Não jurei amor
Mas jurei não matá-la
Pensava nisso enquanto olhava chocado
Algoz, fria e escura sola do sapato...

85 - Tapete

As cortinas se fecham
A luz se apaga
Restam apenas alguns sons e brilhos do passado
Ecoando e ziguezagueando na mente
O café parece libertador
Pink & Floyd parece ser a última inspiração
Enquanto estamos onde estamos
Lá fora tem pessoas muito loucas
Querendo nos tirar de onde estamos
Por amor, mas também por força e com raiva
No tapete preferido derramei água
No tapete preferido, pisei com sapatos sujos
No tapete preferido me deitei para dormir
E no meu sono profundo fiquei para morrer
Sem saber... Sem... Saber...
Qual era mesmo meu tapete preferido?


86 - Dançando no Nada

Ela está dançando
Uma música psicodélica
Guitarra frenética e solos longos
Sem mais nem menos
Tudo se cala, mas ela continua dançando
Então um homem diz:
_Moça! Tudo acabou!
Ela pára e diz:
_ Eu sei! Notei quando o som parou!
E o homem:
Então, Por que continua?
E ela sorri, um sorriso lunático e diz:
_ O tudo não é o bastante... Quando o tudo acabar
O nada terá que bastar...
E ela seguiu dançando e gritando
Um grito lunático...
O silencioso e escondido grito dos solitários...

87 - Reflexões de um errante

O que é a vida humana diante da Imensidão do Universo?
Um milésimo de Distração, Num segundo de Ironia, Dum minuto da Existência. Diante dessa Imensidão e Eternidade, somos meros andarilhos errantes, famintos de Conhecimento, sedentos de Verdades.

E-mail: eghus@hotmail.com
Todos os Direitos Reservados.

Emerson Luiz Rodrigues


REVISÃO: 15:53 DE 11/08/2013
Domingo – Ponta Grossa-PR

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