Sobre Sócrates e Platão
Sócrates, segundo Platão, no Fédon sobre A Imortalidade da Alma, em seus momentos derradeiros dissera:
[...] "Sim, o reviver é um fato, os vivos provêm dos mortos, as almas dos mortos existem, sendo melhor a sorte das boas e pior a das más'.
E mais adiante ele diz:
Afirmar, de modo positivo, que tudo seja como acabei de expor, não é próprio de homem sensato; mas que deve ser assim mesmo ou quase assim no que diz respeito a nossas almas e suas moradas, sendo a alma imortal como se nos revelou, é proposição que me parece digna de fé e muito própria para recompensar-nos do risco em que incorremos por aceitá-la como tal. É um belo risco, eis o que precisamos dizer a nós mesmos à guisa da formula de encantamento. Essa é a razão de me ter alongado neste mito". [...]
OS PORÉM SOBRE SÓCRATES
Tem gente, inclusive nas faculdades de Filosofia, que idolatra Sócrates como um 'deus da Filosofia' e até hoje, alguns mentecaptos, acham que os Diálogos de Platão foram escritos por Sócrates. Tamanha a 'jeguice'.
Sobre a alma, aqui e além, Sócrates talvez tivesse essa visão como descrita por Platão, mas, embora muito engrandecida durante da história da Filosofia, é apenas uma visão.
Não podemos esquecer o que Nietzsche escreveu, em 'O Crepúsculo dos Ídolos', sobre Sócrates:
[...] "Dei a entender o que fez com que Sócrates exercesse fascínio: ele parecia ser um médico, um
salvador. Faz-se ainda necessário indicar o erro que repousava em sua crença na “racionalidade a
qualquer preço”? - Imaginar a possibilidade de escapar da décadence através do estabelecimento de uma guerra contra ela é já um modo de iludir a si mesmo criado pelos filósofos e moralistas. O escape está além de suas forças: o que eles escolhem como meio, como salvação, não é senão uma nova expressão da décadence. Eles transformam sua expressão, mas não a eliminam propriamente. Sócrates foi u mal-entendido. Toda moral fundada no melhoramento, também a moral cristã, foi um mal-entendido ...
A luz diurna mais cintilante, a racionalidade a qualquer preço, a vida luminosa, fria, precavida,
consciente, sem instinto, em contraposição aos instintos não se mostrou efetivamente senão como uma doença, uma outra doença. - Ela não concretizou de forma nenhuma um retorno à "virtude", à "saúde", à felicidade... Os instintos precisam ser combatidos esta é a fórmula da décadence. Enquanto a vida está em ascensão, a felicidade é igual aos instintos.
Ele mesmo compreendeu isso, este que foi o mais prudente de todos os auto-ludibriadores? Ele
soube dizer isto por fim a si mesmo em meio à sabedoria de sua coragem diante da morte? ... Sócrates
queria morrer. Não foi Atenas, mas ele quem deu para si o cálice com o veneno. Ele impeliu Atenas
para o cálice com o veneno... "Sócrates não é nenhum médico, falou ele silenciosamente para si mesmo: apenas a morte é aqui a médica... O próprio Sócrates só estava há muito doente...". (Apud O Crepúsculo dos Ídolos)
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Imagem: "A morte de Sócrates", de Jean François Pierre Peyron - óleo sobre tela - 99 x 136 cm - 1788 - (Joslyn Art Museum (Omaha, United States))
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Que a balança da justiça cósmica pese mais para o lado do bem e dos atos bons no final! Luz!