A vida, as vivências e a personalidade de um autor se separam de sua obra?


Questões e provocações que se colocam:

..."explicar" certos aspectos de uma obra literária pela personalidade de seu autor não é um modo metafísico demais para falar de um texto literário?

.... se quando fazemos isso estamos de fato interpretando UM TEXTO LITERÁRIO ou se estamos trazendo nosso conhecimento sobre o seu CONTEXTO, que é sempre importante, mas não o suficiente para uma interpretação individual da OBRA.

Pois bem:

Antes de qualquer coisa, penso que, na prática, toda e qualquer interpretação é livre e o nível de interpretação vai variar conforme o nível de leitura, de conhecimento, de cultura, de vivências e da lide com as letras em si. 

 A metodologia acadêmica de interpretação de textos não pode ser limitadora da práxis do "fazer conhecimento", mas sim auxiliar.

Penso que uma obra não se separa, necessariamente, da vida, das vivências e da personalidade do autor.

Penso que a maioria das obras literárias, senão todas, são reflexos da vida, das vivências e da personalidade de seus autores. 

Logo, se vida, vivências e personalidade não se separam, posso interpretar um texto literário, levando em conta a vida, as vivências e a personalidade do autor, sim.

O que o professor chama de 'modo metafísico demais', chamaria de modo realista, já que se observa a obra nos mais ínfimos detalhes, considerando o que o autor queria dizer com aquilo tendo em vista, mais uma vez, a sua vida, vivências e personalidade.

Penso que a interpretação acadêmica sistemática, "se ater única e exclusivamente ao texto" é necessária, indispensável mas muito fria, normativa, e, para mim, não é o suficiente.

Penso que a análise filosófica realista (ou metafísica demais) é um modo de ir além do "feijão com arroz" e extrair mais coisas da obra e do autor, num grande conglomerado de conhecimentos e reflexões transformadoras e ressignificadoras que obra e autor podem nos proporcionar, coisa que a simples interpretação metódica acadêmica, 'regrista', não consegue nos proporcionar. Pelo menos, não para mim.

Agora, é claro que isso pode ser visto como "uma viagem" típica dos que se envolveram com a dita cuja filosofia, quer dizer, tudo é interpretado e analisado sob um viés filosófico. Diria que, pelo menos para mim, é inevitável.

E, claro, as reflexões expostas aqui serão refletidas posteriormente e, como muitas coisas da vida, transitórias e mutáveis, essas podem ser alteradas conforme a evolução do pensamento, das vivências, das leituras, estudos, das coisas em geral. :) :) :)

Texto e imagem: Emerson 

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Origem das questões: Um caríssimo professor, Marco Aurélio, Doutor em Letras pela UFPR, Professor do Curso de Letras Licenciatura da UEPG, após reflexões sobre a obra, O Lobo da Estepe, de Hermann Hesse, trouxe as provocações em questão e me proporcionou esta reflexão que agora compartilho com os eventuais leitores deste blog. Gratidão a ele!

 




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