Como os dinossauros...

 


[...] "como os Dinossauros, a espécie humana desaparecerá do mapa um dia e nada no Universo irá mudar porque a 'fabulosa história da vida humana' deixou de existir!" [...] (In: Andarilhos Errantes, 2022)

[....]  Tudo o que provém desse desastre universal, desse acidente cosmico que é a humanidade, diante da morte, do fim, do inevitável, reduz-se à nada. É por isso que Rúlio pensa que até mesmo a preocupação pela fama, como querer entrar para história através de grandes obras e feitos, não significam grande coisa, porque a história humana é um mero episódio tragicômico e sem sentido diante da Imensidão Cósmica. Para Rúlio, a existência da espécie humana tanto faz para o Universo. Não fede e não cheira. Tanto faz.
Totalmente desiludido com a tremenda burrice das pessoas, a injustiças e as bizarrices do mundo humano, Rúlio concluíra que a humanidade chegou à sua total negação enquanto espécie, e portanto, não tem mais motivo para continuar existindo. Só que tudo que não é mais útil para a Vida e para a Natureza, especialmente, para a Natureza Cósmica, não pode ficar ocupando espaço, ociosamente e, por isso, cedo ou tarde, aquilo que perdeu o sentido de Ser e Existir é eliminado pela Natureza, no caso da humanidade, ela será eliminada pelo Cosmos.
Para Rúlio, a humanidade chegou a um grau de idiotização e desumanização tão grande que se tornou incapaz de enxergar a sua incomensurável pequenez, chegando ao cúmulo do ridículo de se achar 'a única forma de vida inteligente em toda a imensidão cósmica!'.
 Mas, graças à evolução das coisas e a Natureza Cósmica, assim como os Dinossauros, a espécie humana desaparecerá do mapa um dia e nada no Universo irá mudar porque a 'fabulosa história da vida humana deixou de existir! Como o destino humano é o fim inevitável, só resta aos bilhões de animais falantes da Terra, se iludir, inventar, mentir, fantasiar, fazer de conta, entrar em guerra, sonhar, comer, beber, foder, se reproduzir, idealizar, cantar, dançar, se distrair. Por vezes, citava o trecho do Eclesiastes que diz: "É tudo ilusão. A melhor coisa que alguém pode fazer é comer e beber e se divertir com o dinheiro que ganhou". (Eclesiastes, 2:23/24).
Mas, para Rúlio, as únicas distrações dignas, que ainda significam alguma coisa são a Ciência, a Filosofia, a Música, Cães e Gatos. "As únicas coisas que ainda me mantém nesse mundo idiota são a Ciência, a Filosofia, a Música, os cães e os gatos. Todo o resto é uma grande perda de tempo" afirmava jocosamente.
"Para viver nesse mundo como ele está, é preciso mais do que as ilusões costumeiras, triviais, por vezes usadas como meros elementos de narrativas para alguns se darem bem sobre outros e encherem o cu de dinheiro, elementos para narrativas, como 'amor ao próximo', 'fé', 'Deus', 'além', 'sobrenatural', bem, certo, errado, santo, pecado. Tudo isso, é usado por uns para engabelarem outros", também dizia Rúlio em pensamentos.
Para Rúlio, em resumo, em sua vã filosofia, o espírito livre e realista, como se considerava, só precisa dele mesmo, de uma grande dose de loucura e do estômago em boas condições, pois é preciso ter estômago para suportar a burrice humana, existir e coexistir com ela nesse mundo cão.
Assim, pensando nessas coisas, ele dormiu, sem se preocupar. E ao dormir, Rúlio sonhara que um dia dormiria e que ao acordar numa outra dimensão, menos pior que a atual, constataria que a humanidade havia desaparecido do Universo, como os Dinossauros e que apenas o vazio desolador restara. [...] (Trecho do Livro Andarilhos Errantes).

Emerson 

E-Kan

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