Sócrates como mártir dos Anti-convalescentes pessimistas antropológicos e Nietzsche como herói dos Convalescentes otimistas antropológicos




Aforismo 48: 

Sócrates ao dizer que se deveria dar um galo a Asclépio em face de sua morte, deixou claro que estava 'dando graças aos deuses' por sua morte, confirmando a teoria de Nietzsche sobre Sócrates quando afirma, em Crepúsculo dos Ídolos, que ele (Sócrates), já estava doente há muito tempo, cansado de tudo e todos. Em estando doente há muito tempo, Sócrates e toda a sua filosofia acabam se tornando Anti-convalescentes e niilistas por essência, mas, sobretudo, frustrados, tristes, depressivos, suicidas que não veem a hora de morrer e que fazem de tudo para auto-sabotar as próprias energias, as próprias forças, indo conscientemente contra toda e qualquer Convalescência, ou seja, indo contra toda forma de restauração de suas forças. Ao final, Sócrates, no Fédon de Platão, une o que podemos chamar de pessimismo antropológico e pessimismo ontológico, dando graças aos deuses pelo seu fim, por não 'precisar mais aturar o mundo de tiranos e ignorantes de sua época', ao mesmo tempo em que afirma que vale a pena dar um voto de confiança numa eventual vida além túmulo. Assim, Sócrates se torna de um doente, cansado de sua época, um mártir para todos os estudantes de filosofia pelo mundo desde então.

Já por outro lado, Nietzsche que curtia drogas pesadas, que foi ao puteiro, que pegou sífilis e ao final, com sua situação de saúde agravada por uma vida de excessos, acabou morrendo de demência. Mas enquanto ainda tinha consciência, Nietzsche jamais agiu como Sócrates, dando graças aos deuses por sua morte e aceitando a ideia de vida após a morte. Ao contrário, em sua ideia de Amor Fati, (amor ao destino, aceitação do destino), Nietzsche diz que não reclama de nada e que, se houver o Eterno Retorno, como para ele parece que há, tudo deve ser vivido novamente, intensamente, ao máximo das forças, energias e vontade de potência, 'sem choro'. Contudo, para Nietzsche apenas um Espírito Superior, dotado de uma incomensurável força de vida é capaz de aceitar isso tudo e superar um mundo sem Deus, sem além túmulo, sem sentido e sem objetivos além da simples sobrevivência do rebanho, da espécie.

"Minha fórmula para a grandeza no homem é amor-fati: não querer nada de outro modo, nem para diante nem para trás, nem em toda eternidade. Não meramente suportar o necessário, e menos ainda dissimulá-lo – todo idealismo é mendacidade diante do necessário -, mas amá-lo" – Nietzsche, Ecce Homo, Porque sou tão esperto, §10. (Via Razão Inadequada)

Contudo, porém, Nietzsche, ao propor a ideia de Super-homem, que nada tem a ver com Hollywood, mas sim a ideia de 'além da humanidade', mais precisamente, de elevação de uma fração de humanos e não de toda a humanidade à partir de um 'modelo perfeito' de ser humano, cai em contradição e abraça o otimismo antropológico, ou seja, é o discurso do 'tudo vai de mal a pior, não adianta nada lamentar, mas o dia que a humanidade chegar ao modelo ideal de humanos, aí sim as coisas vão começar a melhorar'. Por isso Nietzsche, um  é 'um herói' para os Convalescentes otimistas antropológicos e para muitos estudantes e curiosos de filosofia pelo mundo. 

Resumindo: tanto Sócrates quanto Nietzsche, como todos os pensadores, fazem uma aposta e torcem para que um dia suas teorias/utopias sejam vencedoras. Contudo, hoje sabemos, que diante da imensidão cósmica interestelar, da incomensurabilidade da vida e da inefabilidade da existência, o conhecimento humano é uma piada e tudo é possível. Vida, além da vida e nada absoluto. Deus, deuses e coisa nenhuma. Tudo está em aberto.

O ponto nevrálgico de toda a história da filosofia 

A comparação entre Sócrates e Nietzsche pode ser feita com outros pensadores e, ao final, tudo vai dar no mesma merda, no mesmo beco sem saída e a na mesmas indagações máximas: o que somos, por que aqui estamos, para onde vamos, e depois, e depois e depois? 

O que fazer com a vida? Abraçá-la como ela é? Transcendê-la, ainda que utopicamente, ilusoriamente, com base em alguma ideia, teoria, crença ou filosofia que inventamos? Ou negá-la? 

Depois dessa reflexão, resolvi fazer algo extremamente útil, juntar as bostas dos cachorros no pátio a fim de mantê-lo sempre limpo e agradável aos olhos.

A vida humana na Terra é como ser dono de cachorros. Todos os dias você abre a porta e vê merda para todo lado. Você vai à luta, vai lá, junta as merdas e vê tudo limpo, agradável aos olhos e fica até contente às vezes. Mas, essa visão não dura muito, porque basta olhar para os lados que verá que ficou algumas bostas ou os cachorros já estão cagando outra vez. Ou seja, a vida humana na Terra é como ser dono de cachorros, sempre vai ter merda, limpeza, breves momentos de contentamento com a limpeza e depois recomeça tudo de novo.

Emerson

E-Kan

Filosofia Realista 

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