Filosofia Realista prática: 'ser de boas diante do mundo cão'

Dá para ser 'de boas' diante desse mundo cão, cheio de problemas e mil e um motivos para ansiedade, depressão, tristeza, abismo social, injustiças, abusos criminosos e tudo mais?

Como Filósofo Realista, severamente crítico com as injustiças do mundo cão, posso dizer que não só dá, como não temos outra opção. 

Explico:

Relativamente, dá para ser de boas sim e ser até quase um otimista! :)

Isso não significa que todo dia e a todo o momento você vai estar disposto a estar 'de boas', e não significa, sobretudo, que você deve ser uma pessoa que sorri até para os postes e que vai aceitar ou ignorar todas as desgraças do mundo, as decepções, as tristezas e as injustiças. 

Significa que, interiormente, mesmo diante de diversos problemas pessoais e diante de problemas do mundo, você deve, para o bem da tua própria sanidade mental, manter uma certa ataraxia, um certo estado de não perturbação e até, em alguns momentos, ligar o botão de foda-se. 

Ser Realista de fato é viver sem exageros, nem ser otimista em exagero, nem pessimista em exagero, e procurar, interiormente, com você mesmo e diante de você mesmo, estar sempre 'de boas', de 'alto astral' e 'positividade', quase sempre, ciente e consciente de que, independente do que você acredita, pensa, sofra, chore ou sorri, se daqui a cinco minutos ou amanhã você morrer, o mundo, cão como ele é, a vida nua e crua como ela é, as pessoas que você ama e as pessoas que você detesta, a humanidade como ela é, vão continuar independente de você ter morrido ou não. 

Então, diante desse fato incontestável, mesmo sendo severamente crítico em relação ao mundo cão e seus problemas, mesmo diante de seus próprios problemas pessoais, suas limitações, alegrias e tristezas, você não tem outro caminho, senão estar relativamente 'de boas' consigo mesmo, com o mundo cão e, principalmente, com a vida. 

Você pode até dizer, a la 'Sartre',  'a vida é boa, 'o inferno são os outros', ou a la Nietzsche dizer que 'Deus morreu, que foi seu amor pela humanidade que o matou', que não acredita mais em quase ninguém, muito menos nos políticos, e, mesmo assim, ser bom, gentil, grato, generoso, espirituoso, humano, ter compaixão pelas pessoas que sofrem em todo o mundo, pelos bichos de rua abandonados, pelas crianças e pelos adultos abandonados nas ruas, pelos refugiados, pelos injustiçados do mundo, enfim. 

Ou seja, não temos outro caminho, como Espíritos em Revolução e Evolução, senão enfrentarmos a vida como ela é, o mundo cão como ele é, senão sendo 'de boas'. 

Na vida, apesar de trancos e barrancos, apesar de pesares, temos dois caminhos: viver relativamente de boas com os dois pés na realidade ou viver sofrendo, lamentando, reclamando, chorando, se deprimindo e morrendo mais rapidamente. 

É óbvio que, repito, nem sempre você estará de boas, mas esse é um caminho.

Emerson E-Kan

Filosofia Supra Realista

Filosofia Realista, 2022.