A tragédia da educação brasileira faz a alegria das elites corruptopatas

 

A tragédia da educação brasileira faz a alegria das elites corruptopatas

Resumo: O texto destaca a preocupante situação da educação brasileira, evidenciada pelo estagnamento do país no ranking mundial da educação básica, especialmente no teste PISA. Nesse texto, aponto a crescente presença de futuros professores em cursos a distância de qualidade duvidosa, contrastando com os desafios enfrentados pelas instituições públicas. Com efeito, critico a politização nociva e a falta de investimento na educação, acusando o modelo neoliberal de utilizar a educação pública para formar mão de obra barata. Também destaco as dificuldades em promover mudanças devido às questões políticas e polarização no país. Ainda, cito frases de Christian Laval e Darcy Ribeiro para reforçar a visão crítica sobre o estado da educação no Brasil e concluo que a tragédia educacional beneficia as elites corruptas, resultando em uma população desqualificada e submissa.

Nas últimas semanas, tivemos a notícia de que o Brasil está, há mais de dez anos, estagnado no ranking mundial da educação básica, (sem falar do analfabetismo funcional em outros níveis, incluindo o universitário). Trata-se do PISA. O objetivo principal do PISA é avaliar o desempenho dos estudantes de 15 anos em leitura, matemática e ciências, fornecendo dados e indicadores que permitem comparar o sistema educacional de diferentes países. E o Brasil anda ‘mal das patas’ em leitura, matemática e ciências. (CNN Brasil, 2023).

A reportagem também cita, como um dos problemas do desastre na educação básica brasileira, uma informação do ano corrente dizendo que mais de 80% dos "futuros professores" estão na EAD (AGÊNCIA BRASIL, 2023). Ora, todos nós sabemos que a maioria das EAD são do tipo “fundo de quintal”. É claro que há raríssimas exceções nas EAD. Mas a grande maioria é fundo de quintal sim, perda de tempo e dinheiro, além do estresse pela picaretagem dos grupos empresariais que detém o controle das EAD e que só pensam em grana das mensalidades, ou seja, só pensam em lucro X lucro X lucro.

De outro lado, as públicas (estaduais e federais), penam com alto índice de falta de adesão e de evasão dos alunos de licenciatura. É culpa dos professores? Uma parte sim, mas não totalmente. Certamente, a maior parcela de culpa é da politicagem dos governos e suas militâncias, mas sobretudo, do modelo neo-liberalista que mantém a 'educação pública', como mera ferramenta para formar mão de obra barata para as elites. Isto é, formar professores meia boca para instruir estudantes meia boca até o ensino médio, apenas para não se dizerem analfabetos e estarem ‘aptos’ para serem mão de obra barata. Essa é a realidade do Brasil, penso.

Diante de tudo isso, penso que já passou da hora de ser revista a educação pública superior, bem como a educação básica em geral. Mas, as questões políticas, as brigas políticas, a polarização pela qual o País padece, impedem qualquer discussão e realização em prol de uma melhoria. Somando isso a outros tantos fatores, como a intervenção politiqueira de quase todos os Estados Brasileiros na educação com ferramentas fascistas, vejo que a situação é brutal e desanimadora na educação.

        Por fim, infelizmente, o desastre da educação brasileira está aí, escancarado, e a tendência é piorar. Quem continuará se dando bem com a tragédia da educação brasileira? As elites neo-liberais, corruptopatas, fascistas, viciadas em dinheiro e poder. Então, me pergunto: de que adianta as muitas e belíssimas teorias pregadas por muitos professores em sala de aula na universidade, principalmente, nos cursos de licenciaturas? De que adianta BNCC - Base Nacional Comum Curricular e suas teorias? De que adianta REM - Referencial Curricular para a Educação Infantil? De que adianta LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional? De que adianta “Reforma do Ensino Médio”? Se há mais de dez anos vemos a educação pública brasileira cada dia mais atolada no fundo do abismo do capitalismo da corruptopatologia política generalizada? Algo vai mudar de fato? Duvido muito, embora pense que sempre há tempo para tudo. Mas, o tempo não para, o tempo urge!
        Com efeito, por fim, rememoro alguns frases de Christian Laval, sobre a realidade da educação de modo geral e que serve bem para a nossa realidade brasileira:

"A educação não é apenas um meio de transmitir conhecimento, mas também uma arena onde as lutas sociais são travadas."

"A escola não é um espaço neutro. Ela reflete e reproduz as desigualdades presentes na sociedade."

"A mercantilização da educação ameaça a própria essência do conhecimento, transformando-o em uma mercadoria."

"A educação não deve ser reduzida a um simples treinamento para o mercado de trabalho, mas deve capacitar os indivíduos a participarem criticamente da sociedade.""A igualdade na educação é fundamental para uma sociedade justa. Sem igualdade de oportunidades, não pode haver verdadeira democracia." (LAVAL, 2019).

E Darcy Ribeiro, nada mais realista e atual:

“A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto.” (ROITMAM, 2022).

        Em suma, a tragédia da educação brasileira faz a alegria das elites, que cada vez mais terão um povo idiotizado em massa, incapaz de qualquer reação, desqualificado, servil, pronto para aceitar qualquer emprego de merda, qualquer esmola apelidada de salário e uma vida miserável disfarçada de “vida mais ou menos”. E os que dizem que “há avanços apesar de tudo”, diante da realidade documentada que se nos apresenta, máxima data vênia, penso que vivem no fantástico mundo de ilusões, utopias e idealismos, que lá bem no fundo são financiados e mantidos pelas elites corruptopatas.

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Referências:

CNN BRASIL. Brasil estaciona em ranking nacional da educação básica. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/brasil-estaciona-em-ranking-de-avaliacao-internacional-de-educacao-basica/. Acesso em 6 dez, 2023.

AGÊNCIA BRASIL EBC. Mais de 80% dos alunos de licenciatura estão em cursos a distância. Disponível em:  https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2023-10/mais-de-80-dos-alunos-de-licenciatura-estao-em-cursos-distancia. Acesso em 6 Dez, 2023.

LAVAL, Christian. A escola não é uma empresa: neoliberalismo em ataque ao ensino público. São Paulo: Boitempo, 2019, 326 p

ROITMAN, Isaac. Crise na Educação Como um Projeto. Disponível em https://noticias.unb.br/artigos-main/6081-a-crise-da-educacao-no-brasil-nao-e-uma-crise-e-projeto. Acesso em 10 Dez, 2023.