Teoria Zero - um esboço








De nihilo nihil. (Lucrécio)

Nada vem do nada.


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[...] "Os nórdicos acreditavam firmemente que chegariam a um tempo em que seriam destruídos, com toda a criação visível, os deuses do Valhala e de Niffleheim, os habitantes de Jotunheim, Alfheim e Midgard, juntamente com suas moradas. O pavoroso dia da destruição não viria, porém, inesperadamente. Para anunciá-lo surgiria, primeiro, um inverno tríplice, durante o qual a neve cairia dos quatro cantos do céu, o congelamento seria rigoroso, o vento cortante, o tempo tempestuoso e o sol não traria alegria. Suceder-se-iam três invernos sem serem temperados por um único verão. Três outros invernos seguir-se-iam, durante os quais a guerra e a discórdia se espalhariam pelo universo. A própria Terra ficaria amedrontada e começaria a tremer, o mar sairia de seu leito, o céu se abriria e os homens morreriam em grande número, enquanto as águias do ar se regozijariam sobre seus corpos trêmulos. O lobo Fenris arrebentará a corrente que o prende, a serpente de Midgard levantar-se-á de seu leito no mar e Loki, libertado de suas cadeias, juntar-se-á aos inimigos dos deuses. No meio da devastação geral, os filhos de Musplheim acorrerão, sob a chefia de Surtur, adiante e atrás do qual irromperão, chamas devastadoras. Os assaltantes avançariam pela ponte do arco-íris, Bifrost, que se quebraria sob os cascos dos cavalos. Sem se incomodar com a queda, porém, eles se dirigiram ao campo de batalha chamado Vigrid, onde também apareceriam o lobo Fenris, a serpente de Midgard, Loki com todos os seguidores de Hela e os gigantes do Gelo. Heindall levantar-se-ia e soaria a trombeta Giallar, para chamar à luta todos os deuses e heróis. Os deuses avançam, chefiados por Odin, que ataca o lobo Fenris, mas cai vítima do monstro, que, por sua vez, é morto pelo filho de Odin, Vidar. Tor destaca-se, matando a serpente de Midgard, mas cai morto, sufocado pelo veneno que o monstro moribundo vomita sobre ele. Loki e Heindall enfrentam-se e ambos são mortos. Tendo caído na batalha os deuses e seus inimigos, Surtur, que matou Freyr, incendeia o universo, que é inteiramente consumido pelo fogo. O sol se apaga, a terra se afunda no oceano, as estrelas caem do céu, e deixa de haver o tempo. Depois disso, Alfadur (o Todo-Poderoso) fará com que surjam do mar um novo céu e uma nova terra. A nova terra contará com abundantes recursos, que produzirão espontaneamente os seus frutos, sem necessidade de trabalho ou preocupação. A maldade e a miséria não serão mais conhecidas, e os deuses e os homens viverão felizes para sempre." [...] (BULFINCH, 2018)



“Tudo passa sobre a Terra”



O provérbio em latim: "Tempus longum vitiat lapidem / Tudo passa sobre a Terra", atribuído ao Romano Virgílio, é poético, lírico, diria, e também contém uma grande ponta de verdade. No entanto, a verdade é que tudo passa, até mesmo a Terra. 

Sim, sabemos pela Ciência, que um dia, talvez mais cedo do que possamos imaginar, já que o tempo é relativo, a Terra vai ser consumida pelo próprio núcleo em colapso, senão por um Buraco Negro, nascido de uma Estrela em colapso, senão pelo nosso Sol em colapso, senão pela Galáxia em colapso, senão, por fim, pelo Universo em Colapso.

Sim, o próprio Universo em que “estamos”, um dia será aniquilado pelas próprias forças em colapso. Com efeito, seja pelo Big Crunch, Big Rip, Big Freeze,  Big Bounce e seu 'Bang Bang Bang', ou qualquer outra grande teoria científica ou filosófica, um dia tudo deixará de existir.  Quer dizer, de acordo com as Teorias Científicas sobre o início e o fim do Universo, do Cosmos de um modo geral, A Vida, como a conhecemos, vai colapsar sobre si mesma e em si mesma. Tudo será zerado. A Vida será Zerada.

Se pensarmos no Cosmos como Incomensurabilidade Cósmica, é bem provável que em muitos rincões interestelares a Vida já tenha chegado ao Zero Absoluto. Quer dizer, independentemente do que civilizações inteiras fizeram ou deixaram de fazer, do quanto evoluíram, dentro dessa ótica teórica, todas as formas de vida nesses locais foram para o beleléu, morreram, foram extintas. O que aconteceu com tais civilizações? Foram para o “Além”, para um tipo de Universo Extrafísico, Espiritual, Quântico, onde A Vida flui, existe, de uma maneira que sequer podemos imaginar? Ou tais civilizações (hipoteticamente falando) apenas morreram, viraram poeira cósmica e deixaram de existir? 

Com efeito, diante da Incomensurabilidade Cósmica, teoricamente, podemos imaginar a ‘la Schrödinger’, que existimos e logo não existiremos mais. Ou até mesmo, podemos estar existindo e não existindo, ao mesmo tempo. Como possíveis civilizações e até mesmo Universos inteiros, novamente, se admitirmos a possibilidade da existência de vários Universos, que podem já terem colapsado sobre si mesmos e em si mesmos. 

Seja como for, venha de onde vier a paulada, um dia, como os Dinossauros, a espécie humana será varrida da face da Terra e, quiçá, do Universo, porque um dia tudo deixará de existir. Talvez, pelas próprias mãos e muito antes do que podemos imaginar.

Ou seja, refletindo a fundo sobre o fim de tudo, que cedo ou tarde ocorrerá, sempre chegaremos à conclusão de que, sem os mistérios da Incomensurabilidade Cósmica (que alguns chamarão de extrafísica/espiritualidade/quanticidade e outras teorias e crenças para ninar), a vida humana, assim como a vida de qualquer outra espécie terrestre e extraterrestre, não tem nenhum propósito, nenhum sentido, nenhum motivo para Ser/Existir. Apenas existem e correm para não existir. Nesse sentido, até mesmo a evolução não tem sentido no final das contas, já que tudo um dia vai colapsar sobre si mesmo e em si mesmo. Mas, e se, muito hipoteticamente, existir a possibilidade de um Reboot? Ou se, não há um Reboot, um reinício, mas simplesmente ‘A Vida continua’, de uma outra forma na Incomensurabilidade Cósmica? 


A Luz e a Escuridão


De onde viemos? Por que aqui estamos? Para onde vamos? A Vida, que é Luz, nasce da Escuridão e corre pelo Abismo em direção ao Vazio. Haverá alguma coisa para além do Vazio? Quem de fato poderá dizer? 

É por isso que (diante do fato de que A Vida, que é Luz, nasce da Escuridão e corre pelo Abismo em direção ao Vazio) o Ser em si se esforça tanto para criar um propósito, um sentido, um motivo, sobretudo, se esforça para que o precário e breve Agora no qual existe pareça eterno, mesmo que isso seja apenas uma mentira, uma ilusão. 

Agora, diante do fato de que tudo um dia deixará de existir, que a própria Vida irá colapsar sobre ela mesma e em si mesma, o Ser em si não se vê mais diante do abismo, encarando o abismo, ele é o próprio Abismo com muitos outros abismos dentro de si. “Superou todos os níveis de loucura”, dirão os incautos na certeza do Fogo-fátuo de suas mentiras, ilusões e falsas esperanças, também chamadas de crenças. 


A Teoria Zero em si


Esboço


A Vida é um processo complexo contínuo de criação, destruição, reconstrução e ressignificação, em toda parte, em todos os Universos e mundos possíveis na Incomensurabilidade Cósmica.

A Vida, em toda a Incomensurabilidade Cósmica chega a um ponto --- crítico, de singularidade, colapsa sobre si mesma e em si mesma e zera tudo. --- Após um momento, (talvez bilhões de anos), a própria Vida se recria, se transmuta, se transforma, se transcende e segue seu rumo de construção, destruição, reconstrução e ressignificação, num ciclo impossível de mensurar, por isso, infinito. O que entendemos como Big Bang (entendido aqui como a criação/surgimento desse atual Universo em que “estamos”) pode ser um exemplo desse "movimento da Força Incomensurável da Vida". 

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Considerações sobre reflexões acerca da humanidade diante da Teoria Zero


Mas, então, diante dessa visão supra-realista (que alguns chamam de terrivelmente pessimista), de que a humanidade caminha para o suicídio global e que talvez, (se não tomar vergonha na cara e parar de destruir o Planeta), em cinco séculos já esteja extinta, colapsada sobre si mesma e em si mesma, no que você acredita?

Acredito na incomensurável força da vida e que só há duas coisas permanentes e que prevalecem no final, em todo o Cosmos, em todos os mundos possíveis: equilíbrio e evolução.

Sobretudo, penso que A Vida é um processo complexo contínuo de criação, destruição, reconstrução e ressignificação. Em toda parte, em todos os Universos e mundos possíveis na Incomensurabilidade Cósmica.

Isto, claro, não significa que, com bilhões de animais falantes que se acham pensantes, levando uma vida idiotizada, brutalizada, desumanizada, podres de mente, coração e alma, a Terra sobreviverá, nem que a humanidade, enquanto espécie "Homo Sapiens" sobreviverá.

Quero dizer que, como Nietzsche, também penso que a humanidade é só "um acaso, um fortuito momento na incomensurável história do Cosmos", e que, independentemente da humanidade existir ou deixar de existir, A Vida seguirá seu curso, se transmutará e transcenderá.

Quem garante que a humanidade, esta humanidade atual, não tenha sido uma "nova tentativa da Vida" de transcender a si mesma?

Quer dizer, quem garante, (irônica e muito hipoteticamente) que a humanidade ou que havia antes dela, nesse quadrante interestelar, no perímetro desse nosso frágil e finito Sol, não tenha existido (por exemplo, em outro Planeta, Marte? Ou qualquer outro fim de mundo do universo?), tenha destruído seu "Planeta anterior" e de alguma forma seu "DNA", sua "semente" tenha sobrevivido e sido transportada pela poeira cósmica até a Terra e, então, pela força da Vida, se regenerado, se reconstruído?

Em resumo, penso que A Vida (num contexto mais amplo, Cósmico) é indestrutível e sempre se transmuta, transcende, se supera, segue seu curso, evolui. Contudo, reitero, isso não significa que a espécie homo sapiens, bem como qualquer outra forma de vida, evoluirão ‘Ad infinitum’ e existirão ‘Ad aeternum’, pelo menos, não nessa “dimensão” da Incomensurabilidade Cósmica. Ironicamente, parece que A Vida ‘zera’, colapsa sobre si mesma e em si mesma, antes do que pode se chamar ‘ponto máximo de evolução’. 


Emerson

E. E-Kan  



A necessidade imperiosa


Nós dizemos a nós mesmos que a vida é uma constante reviravolta na esquina da existência, que é construção, destruição, reconstrução e ressignificação, que a vida se renova, se supera, que há infinitas possibilidades, que sempre conseguimos superar o peso mais pesado, o abismo mais profundo, a escuridão mais fria e vazia, que sempre criamos um novo sentido e que a luz prevalece no final. Pode até ser que, em certa medida e de alguma forma, alguns de nós achemos que podemos realizar isso tudo, superar tudo e encontrar essa suposta luz no fim do túnel. Contudo, bem lá no fundo, nós todos sabemos que isso é só mais uma mentira que contamos para nós mesmos. Não há luz no fim do túnel, não há túnel, não há nada. Mas enquanto há vida, há a imperiosa e indispensável necessidade de sonhar, idealizar, romantizar, acreditar, teorizar, de se agarrar às ilusões e mentiras, sinceras ou não, na tragicômica esperança de tentar evitar que o baile do viver acabe antes do tempo.


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Anoto: Nesse dia ímpar e também glorioso, como Nietzsche recostado numa pedra encontrando o Eterno Retorno, eu me recostei numa das rochas num dos meus Abismos para pensar e me encontrei naquilo que tanto persegui, a Teoria Zero. A Vida, em toda a Incomensurabilidade Cósmica, chega a um ponto que zera tudo. Após um momento, a própria Vida 'reinicia' e 'se recria', seguindo seu rumo de construção, destruição, reconstrução e ressignificação. Bem, à partir daí, vejo que tenho muito sobre o que pensar, sobretudo, que inicio um trabalho cerebral que exigirá uma tremenda dedicação e toda minha energia da mente, coração e alma. Espero que consiga progredir nessa Teoria a contento. (15/02/2024 12:32 AM. Dia chuvoso) 




Complementa este breve esboço da Teoria Zero (em desenvolvimento), o livro Filosofia Insólita (em constante atualização) , aberto no blog: https://ekanxiiilc.blogspot.com/2022/10/filosofia-realista-insolita.html 


E-mail: ekanxiiilc3@gmail.com 

Livros à venda em Uiclap: https://uiclap.bio/ekan_autor 

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Referência ao texto de introdução desse texto:

 

BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia: história de Deuses e Heróis; tradução David Jardim Júnior. - 1.ed. - Rio de Janeiro: Harper Collins, 2018. 360p. 













Emerson

E. E-Kan  



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